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terça-feira, 19 de julho de 2011

Surpresa!

Capítulo VI

Aniversários costumam ser momentos muito especiais na vida das pessoas. Certamente, assim como muitas adoram e gostariam de poder viver mais dias como esse, outras só enxergam motivo para desgosto, um desejo de clicar na opção “não curti” do facebook, xingar todo mundo que ameaçar cantar parabéns... tudo por estar ficando um pouco mais velho. Não sei você, mas eu conheço pessoas assim.

Já elaborei algumas festas surpresa, para amigos e parentes. Lembro-me com carinho de uma que fizemos para as minhas irmãs mais velhas. Elas fazem aniversário no mesmo mês. A Josi no dia 24 e a Ana no dia 26 de julho e, portanto sempre comemoram o aniversário juntas.

Há alguns anos, acho que há uns três ou quatro, elas até fizeram uma tatuagem para marcar a data e acredito que também com o objetivo de se unirem ainda mais em torno de uma semelhança física.

Não somos muito parecidas fisicamente. Uma é branquela e tem cabelos pretos, a outra é morena clara e magra, com o rosto pequenino, eu sou um pouco mais morena ainda e tenho mais altura e lábios grossos, outra tem os cabelos claros... Também não temos muita semelhança nos aspectos psicológicos e variamos e extremamente extrovertida, palhaço de festa mesmo até a mais introvertida e meio nerd.

É bem comum que durante as festas na nossa casa os parentes discutam sobre as nossas semelhanças e claras diferenças, fato que só colabora para um crescente mau humor entre nós. Se tem uma coisa que detestamos, é essa análise descarada. Após as reuniões familiares, normalmente passamos horas discutindo essas impressões externas e em uma coisa sempre concordamos. Todos os comentários são inoportunos.

*****

Engraçado como existem surpresas de vários tipos. É sério. Você deve estar pensando que existem apenas as ruins e as boas, mas está enganado. Existem surpresas elegantes, inconvenientes, mal elaboradas, criativas, planejadas... e existem também aquelas que ninguém sabe quem preparou e nunca saberá. Essa última eu classifico como “surpresas divinas”.

Foi em fevereiro de 2010 que me ocorreu uma dessa surpresas. Claro que naquele momento eu não tinha como imaginar o quanto aquele momento provocaria mudanças na minha vida, mas lá estava eu participando de uma “surpresa divina”.

O ano letivo já havia começado há uma semana, mas como os primeiros dias são utilizados pelos veteranos na aplicação de trotes, resolvi que me ausentaria da faculdade nesse período. Passado todo o rebuliço da recepção de péssimo gosto aos calouros, mais ou menos no meio do mês de fevereiro, eu resolvi retornar a faculdade e iniciar o segundo ano da faculdade.

Após dois meses de férias eu estava com as energias recarregadas e com uma vontade incrível de rever meus novos amigos e aprender um pouco mais... não, não... muito mais sobre a minha futura profissão.

Naquele dia, uma segunda-feira, fiquei a tarde toda pensando em uma roupa para marcar o início daquele ano letivo. Escolhi o short que mais gostava e uma bata azul, toda xadrez e fofa que ainda amo. Toda contente me vesti e fui para a esquina da minha rua, no fim daquela tarde de verão, e esperei a van que me levaria para o Campus que fica na cidade vizinha a minha.

Alguns minutos depois o transporte chegou e ao entrar me deparei com algo que ainda não sabia se era legal ou assustador. No meio da van, sentadinho em uma poltrona, estava um dos meus antigos colegas de ensino médio. Naquele momento passou pela minha cabeça uma sequência de pensamentos na velocidade da luz – e aqui revelo que amo Star Wars.

“Ele está muito diferente, então não deve ser ele.”

“Não, com certeza é ele.”

“Como está forte.”

“Caramba! Será que eu também consegui ficar mais bonita nesse tempo?”

“Devo me esconder ou falar com ele.”

- Luis! – isso foi o que eu disse após ele levantar a cabeça, olhar nos meus olhos e demonstrar que também tinha me reconhecido. Confesso que isso magoou um pouquinho. Afinal, não devo ter melhorado muito.

Como não havia vaga ao lado dele, me sentei no banco da frente. Na verdade me ajoelhei, virei para trás e fiquei o tempo todo tagarelando sobre o tempo que tinha passado, o curso que ele estava fazendo, e me gabando de, apesar de também ter demorado a entrar na faculdade – fiquei dois anos sem estudar -, já era veterana e ele apenas um calouro.

O mais engraçado de tudo foi que em pouco tempo já estava conversando com ele como se fossemos velhos amigos, quando na verdade nem nos falávamos durante os três anos que dividimos a mesma sala de aula.

Aquele início de ano e sua “surpresa divina” estavam me saindo melhor que a encomenda. Eu teria pela frente um ano inteiro recheado de aulas práticas de telejornalismo e radiojornalismo, com uma cobertura de amizade saída do forno. Aqueles cerca de 320 dias tinham tudo para ser maravilhosos.

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